terça-feira, 11 de agosto de 2009

Seminário discute coleta, destinação e tratamento do lixo


O lixo no Recife, sua coleta e, principalmente, seu destino, vêm sendo um dos assuntos mais debatidos do ano. Para contribuir com essa discussão, a Comissão de Desenvolvimento Econômico promove nesta segunda-feira, 10, o Seminário "Coleta, Tratamento e Destinação dos Resíduos Sólidos: Fatores do desenvolvimento metropolitano”. Ele aconteceu o dia inteiro, no plenarinho da Câmara. O seminário foi presidido pelo vereador Alfredo Santana (PRB). O presidente da comissão, Luciano Siqueira (PCdoB) abriu o evento afirmando que o lixo é um problema metropolitano e, portanto, deve ser resolvido em conjunto pelos municípios. “A Região Metropolitana do Recife é um conglomerado urbano e as cidades compartilham problemas estruturais, ao mesmo tempo que enfrentam desigualdades. O problema do lixo comporta uma visão metropolitana com solução consorciada”.

“O presidente Luís Inácio Lula da Silva sancionou a lei dos consórcios públicos para que as cidades, desde que desejem, enfrentem em conjunto os problemas que as afligem em comum. A Câmara tenta, com esse seminário, dar uma visão mais abrangente para solucionar um problema enfrentado pela Prefeitura do Recife e também de Jaboatão dos Guararapes. É preciso que tenhamos competência técnica e observação atenta das variáveis”, avaliou Siqueira.
O primeiro palestrante do dia foi o diretor de Meio Ambiente da Prefeitura do Recife, Mauro Buarque. Ele defendeu uma política de planejamento familiar para conter o aumento populacional como forma de deter também a produção de lixo. Buarque destacou ainda que a coleta e destinação dos resíduos sólidos devem ser vistas de forma global, dentro das possibilidades financeiras dos municípios e contando com a drástica redução no volume total de lixo, que depende da conscientização e colaboração da população com mudanças nos hábitos de consumo e educação ambiental.
Segundo ele, a taxa de geração de resíduos sólidos no Brasil é de 0,6 kg por dia por habitante. “Mas, no Recife, ela é o dobro da média nacional, cerca de 1,1 kg por habitante ao dia. A coleta é difícil porque têm áreas de difícil acesso e as alternativas ficam reduzidas”, adiantou.
O gerente de Meio Ambiente de Jaboatão dos Guararapes, Rodolfo Aureliano, falou sobre o programa de coleta seletiva que a prefeitura pretende implantar em Jaboatão, envolvendo toda a cidade, 780 catadores e com expectativa de coletar por mês mais de três mil toneladas de material pronto para reciclagem. “O município produz 16 mil toneladas de lixo por mês e nós vamos fazer a coleta seletiva em toda a cidade, inclusive nas comunidades pobres”, disse. A experiência, que está em fase de implantação, copia o modelo de Lodrina (PR), um dos municípios que mais recicla em toda a América Latina. “Nós estamos enfrentando a problemática do lixo levando em consideração cinco princípios que foram definidos pelo professor norte-americano Paul Connett: manter soluções simples para a coleta e destinação; manter solução local; integrar solução com a economia local; integrar a solução com o desenvolvimento da comunidade local e ter consciência de que solução é sustentável”, afirmou.
O último palestrante da manhã foi o professor José Mariano de Sá Araújo do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco. Ele considerou que para tratar do lixo, é preciso considerar as desigualdades sociais, a pobreza, os 50 milhões de brasileiros que vivem em condições de miséria, a população mundial cada vez maior, cada vez mais concentrada nos centros urbanos. Portanto, além de erradicar a pobreza, é fundamental impedir que a produção de lixo também cresça, e reciclar o máximo possível. “Melhorar o saneamento e a distribuição de água, diminuir a miséria social, são grandes passos para resolver os problemas ligados ao lixo. É claro que os resíduos sólidos não são um problema só nosso. Ele é um problema para todos, mas os países em desenvolvimento sofrem mais com isso”.
Ele defendeu a compostagem e a reciclagem, para reduzir o crescimento do lixo. Uma das formas de fazer isso é mantendo um programa de coleta seletiva. “Uma pesquisa nacional aponta que 27 cidades no Nordeste fazem coleta seletiva, uma delas é o Recife. Para mim, isso soa como uma grande brincadeira, porque o Recife não faz a coleta como deve ser feita, precisamos de um sistema eficiente, que faça isto de fato”. No entanto, José Mariano lembra que um dos atravanques da reciclagem é a tributação. “O produto reciclado continua pagando o mesmo IPI, de 15%, que já pagou como produto original. A legislação precisa ser revista para incentivar a reciclagem”.


fonte: http://www.camara.recife.pe.gov.br

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