Estádio Soccer City (Johanesburgo), que irá sediar os jogos de abertura e encerramento da Copa
Desde o dia 11 de junho, bilhões de pessoas estiveram paradas em frente à televisão para assistir à abertura da Copa do Mundo, o continente africano estará com os corações do seu povo batendo a mil. A maior competição do futebol mundial, que será disputada na África do Sul, significará muito mais do que um evento esportivo; irá marcar o início da verdadeira redenção do continente.
Só no país-sede do Mundial calcula-se que a disputa da Copa proporcionará a geração de 129 mil empregos, o que contribuirá com um elevado crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), além de gerar bilhões de dólares em impostos. Os promotores também esperam cerca de 400 mil visitantes, que podem estender sua viagem para outros países do continente, incrementando a economia africana.
Além disso, a Copa vai servir para modificar a imagem que se tem do continente africano. O torneio pode até modificar a ideia que um grande número de investidores estrangeiros tem acerca da África.
Estarão disponíveis, aproximadamente, 3 milhões de bilhetes, para os 64 jogos da competição. Um terço dessas entradas, ou seja, 1 milhão, será distribuído entre os sul-africanos, 1 milhão a visitantes estrangeiros e o terceiro milhão a patrocinadores, seleções participantes e funcionários da Fifa que trabalharão na organização do evento.
Nos últimos anos, tem sido grande a presença de turistas brasileiros na África do Sul. A estimativa é que, durante a Copa do Mundo, entre 25 mil e 30 mil torcedores sejam do Brasil.
Duas cidades foram selecionadas para receber os turistas pentacampeões: Durban e Cidade do Cabo. Havendo jogos fora dessas localidades, haverá um transporte de ida e volta para o estádio onde será realizada a partida. Segundo os organizadores da Copa, a escolha dessas cidades aconteceu pelas possibilidades turísticas que elas oferecem. Na Cidade do Cabo, por exemplo, é possível visitar a Table Mountain e fazer um tour pela prisão de Mandela. Já em Durban, o principal atrativo são as suas praias, que costumam ficar repletas de surfistas.
União dos povos
Para Danny Jordaan, chefe do comitê organizador da Copa na África do Sul, a competição vai contribuir ainda mais para unir o país, muito mais do que fez Nelson Mandela com o torneio mundial de rúgbi de 1995, quando, pela primeira vez, o então presidente do país fez negros e brancos se unirem em torno da seleção nacional. A história de como a vitória sul-africana naquele torneio acalmou os receios da população branca, evitando uma possível guerra civil após o final do apartheid, é mostrada no filme “Invictus”, de Clint Eastwood, recentemente exibido no Brasil.
Jordaan afirma, também, que é sempre importante reforçar ainda mais a coesão social no país e fortalecer o processo de construção da nação. Ele diz achar que, nesse ponto, o impacto da Copa vai ser muito grande e, por tabela, vai servir para resgatar a auto-estima do cidadão africano, que sempre viu seu continente ser discriminado pelo resto do mundo.
Ele criticou reportagens negativas da imprensa europeia, especialmente na Inglaterra, que sugeriu que a África do Sul jamais teria condições de sediar uma edição do Mundial com sucesso. Jordaan garantiu que o evento vai gerar US$ 3,5 bilhões, a receita mais alta da história da Fifa. A Copa da Alemanha, 4 anos atrás, gerou US$ 2,6 bilhões. Ele disse que o país já está acostumado a receber competições importantes, como a Taça Mundial de Rugby, em 1995, a Taça Mundial de Críquete, em 2003, a Taça Mundial de Golfe de Senhoras (2005-08) e a corrida World Cup of Motorsport (Taça das Nações), em 2006.
Problemas
Consciente de que a integração africana será fundamental para o sucesso da competição, o comitê organizador está tentando resolver o problema causado pelo preço dos ingressos, considerado muito alto para a capacidade econômica da população. Além disso, torcedores na própria África do Sul e em outros países africanos alegam que o sistema normal de compra de ingressos pela internet é inapropriado para a África, onde os torcedores têm pouco acesso a computadores e não estão acostumados a fazer reservas com antecedência.
O comitê também está tentando convencer as companhias aéreas a fazer modificações nas suas rotas habituais já que na situação atual, muitos torcedores que quisessem viajar para a África do Sul partindo da Costa do Marfim, da Nigéria ou de Camarões, três dos países que vão participar da Copa do Mundo, teriam que fazer conexões na Europa. Jordaan também expressou preocupações com os preços altos de hotéis e voos internos, que vêm desencorajando até mesmo torcedores europeus de assistir à Copa.
O evento
Estádio Moses Mabhida (Durban), que tem um elevador panorâmico em seu arco central
Os jogos da Copa do Mundo da FIFA 2010 serão realizados em 10 estádios: dois em Johanesburgo e um em cada uma das oito cidades anfitriãs. Juntos, os estádios irão receber 64 jogos e ter mais de 570 mil espectadores ao longo do campeonato. Segundo os sul-africanos, o Mundial promete ser um "jol", quer dizer, uma festa. Tal como na Alemanha, em 2006, serão distribuídos ecrãs (monitores) gigantes pelos principais recintos públicos. Assim, o turista poderá ver os jogos e conhecer a população local nos inúmeros pubs, restaurantes e bares desportivos, que ampliarão seus horários de funcionamento. A África do Sul é um país com mais de 47 milhões de habitantes, das mais diversas origens, culturas, línguas e crenças.
Nos meses de junho e julho – quando decorrerá o campeonato – a hora sul-africana será a mesma da Europa continental e uma hora a mais que o Reino Unido. Por isso, os jogos que tiverem o pontapé inicial às 9 da noite serão confortavelmente vistos pelos europeus. No Brasil, as partidas serão transmitidas às 11h e 15h30.
Na época da Copa, o clima estará quente. A cidade de Johanesburgo, uma das principais sedes, estará seca, com dias de sol e noites bastante frescas. Rustenburg, Pretória e Nelspruit vão estar com temperaturas mais elevadas, mas em Bloemfontei fará frio. Polokwane, ao Norte, estará mais quente do que a maioria dos verões europeus. Durban estará agradavelmente quente, com alguma umidade. Na Cidade do Cabo, geralmente, faz frio nessa época do ano.
Todas as cidades anfitriãs estão ligadas por via aérea e ferroviária. A malha rodoviária do país é excelente, e alugar um carro é outra opção para quem pretende circular por várias sedes. A forma mais popular de transporte público é o táxi minibus, além do metrô e das inúmeras companhias de táxi.
Segundo relatório da equipe de inspeção da Fifa, o setor hoteleiro na África do Sul é de primeira classe e existem leitos suficientes para alojar todos os que quiserem participar do evento, incluindo imprensa e torcedores de todo o mundo. Outras alternativas são os chamados "bed & breakfast" (albergues), presentes em todas as cidades anfitriãs e arredores.
A equipe da casa
A seleção da África do Sul é conhecida como Bafana Bafana – que significa “os rapazes, os rapazes”, em isiZulu. Esta alcunha vem do grito dos fãs quando da vitória da equipe na Taça das Nações Africanas, em 1996 (que também se realizou na África do Sul). Desde o fim do apartheid e do isolamento desportivo no país, os Bafana Bafana qualificaram-se duas vezes – uma em 1998 e outra em 2002 – para a Copa do Mundo da Fifa. O time é treinado pelo brasileiro Carlos Alberto Parreira, que substituiu Joel Santana, dispensado em razão dos fracos resultados obtidos durante a fase de treinamentos.
O time é apoiado por uma torcida animada, que vai aos estádios levando vuvuzelas, instrumento musical nacional da África do Sul; uma espécie de corneta grande em plástico, de cores garridas, que todos os fãs sopram a plenos pulmões. O som que ela faz é algo entre o sopro de um elefante com gripe e o zumbido de um enxame de abelhas gigante.
A competição
A primeira fase da Copa reunirá 32 seleções, divididas em oito grupos de quatro, dos quais duas seleções de cada chave se classificarão para as oitavas-de-final. Essa primeira fase acontecerá entre os dias 11 e 25 de junho. A partir do dia 27 de junho acontecerão jogos eliminatórios, em confronto direto (mata-mata), nas oitavas-de-final, quartas-de-final, semi-finais e final, que ocorrerá dia 11 de julho, em Johanesburgo. A disputa do terceiro lugar acontecerá no dia anterior, em Port Elizabeth.
A seleção brasileira está incluída no Grupo G, junto com Portugal, Costa do Marfim e Coreia do Norte. O time dirigido por Dunga estreia no dia 15 de junho, às 15h30 (hora de Brasília), contra os norte-coreanos. A segunda partida será no dia 20, contra a Costa do Marfim, também às 15h30. E a terceira será disputada no dia 25, às 11h, contra a seleção de Portugal, fechando a primeira fase.
Os grupos
Grupo A
África do Sul
México
Uruguai
França
Grupo B
Argentina
Nigéria
Coréia do Sul
Grécia
Grupo C
Inglaterra
Estados Unidos
Argélia
Eslovenia
Grupo D
Alemanha
Austrália
Sérvia
Gana
Grupo E
Holanda
Dinamarca
Japão
Camarões
Grupo F
Itália
Paraguai
Nova Zelândia
Eslováquia
Grupo G
Brasil
Coréia do Norte
Costa do Marfim
Portugal
Grupo H
Espanha
Suíça
Honduras
Chile