quinta-feira, 24 de junho de 2010

Cidades Sustentáveis: um desafio às sedes da Copa de 2014


O arquiteto e urbanista Jaime Lerner aponta como as cidades brasileiras devem pensar seu desenvolvimento com responsabilidade

A Copa do Mundo da África do Sul ainda não acabou, mas os brasileiros já estão com a cabeça em 2014, ano em que o Brasil sedia o Mundial de Futebol. Muito se discute sobre a organização esportiva, os prazos e a fiscalização de contas em cima da preparação do evento, contudo outra preocupação também deve aparecer no centro das palestras entre políticos, dirigentes de esporte e população: temos condições de nos desenvolver sustentavelmente?

O arquiteto e urbanista Jaime Lerner, referência em desenvolvimento sustentável, defende que sim, o Brasil tem condições de se desenvolver com cooperação e responsabilidade. “Qualquer cidade, em qualquer país do mundo, pode melhorar a sua qualidade de vida em menos 3 anos. Não importa a escala nem a situação financeira, se houver vontade política, estratégia e uma boa equação de co-responsabilidade, para que todos possam ajudar a fazer as coisas no tempo certo”, diz.

Jaime Lerner foi governador do Paraná por 2 mandatos e prefeito da capital, Curitiba, por 3 vezes, quando a região passou por grandes transformações sociais, urbanísticas e econômica. Ele é o responsável pela chamada Revolução Urbana que modernizou o sistema de transporte da cidade paranaense. Todas essas mudanças foram realizadas com base no desenvolvimento sustentável. O arquiteto afirma que a sustentabilidade é uma equação entre o que se poupa e o que se desperdiça. “Fazer uma obra que só será usada uma vez por ano não é sustentável. Muitos acham que a solução está em novos materiais ou edifícios verdes, novas formas de energia, a reciclagem, o que é importante, mas não o suficiente”, aponta.

Toda a experiência do arquiteto, o trouxe à São Paulo para ser curador de uma série de eventos sobre o tema “Cidades Sustentáveis: como a Copa do Mundo influencia no desenvolvimento das cidades e porque elas devem investir de forma sustentável”. Ele argumenta que não se deve pensar uma cidade só para uma competição e que os eventos também funcionam para atrair mais recursos para as cidades resolverem os seus problemas. Contudo, para melhorar as condições de mobilidade, por exemplo, a cidade deve se preparar para o dia a dia das pessoas, porque sendo boa para a sua população será para os eventos realizados.

Lerner também aponta as necessidades de mobilidade para receber o evento esportivo: “O Brasil, por ser um país que tem equipamentos e grandes competições, só precisa de uma ou outra adequação. Precisa melhor condições de mobilidade dos aeroportos, do transporte público, porque não dá para pensar em 60 ou 80 mil pessoas se deslocando onde a única solução seja o automóvel. Nós vamos chutar a bola na trave e acabar perdendo o jogo da sustentabilidade”, atesta.

A mobilidade urbana é mostrada como um déficit que deve ser planejado com mais responsabilidade e conscientização da população. “O mais importante é colocar a população ciente do papel que ele pode ter nessa mudança, o que ela pode fazer para ajudar: usar menos o automóvel nos itinerários de rotina - não é para deixar de usá-lo. Não é obra sustentada fazer viadutos ou obras que sempre se destinam ao automóvel. Na verdade, é importante que se aproveite a condição para dar um avanço na mobilidade, usar tudo que tem de transporte, metro, ônibus, que devem ser bem usados e jamais competir um sistema com o outro. Nós só vamos ter resultados se tivermos uma boa solução na superfície, porque 80% das pessoas se deslocam na superfície. O que precisamos é metronizar a superfície. Sustentável também é garantir as condições da população no dia a dia”, finaliza o urbanista.

3 comentários:

OBREIROS THIAGO E PATRÍCIA disse...

AS CIDADES SEDES DA COPA DO MUNDO 2014 VÃO TER QUE SE CIDADES SUSTENTÁVEIS

OBREIRO DO RECIFE disse...

VAMOS LUTAR POR UM BRASIL SUSTENTÁVEL

TRICOLOR disse...

brasil rumo ao desenvolvimento